Por ser o Brasil um país predominantemente tropical e continental, há um grande potencial a ser aproveitado para energia solar fotovoltaica, além de ser uma fonte de energia limpa e renovável. Assim, a crescente preocupação ambiental com o uso de energia fóssil e as recentes crises de política pública relacionadas a escassez de chuvas (grande parte da energia brasileira é produzida em usinas hidrelétricas), aliada ao aumento da conta de luz, fez com que muitos consumidores buscassem essa tecnologia.

Atualmente, segundo dados fornecidos pela ABSOLAR – Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica, a energia solar já figura no terceiro lugar como fonte de matriz energética brasileira com um percentual de 10,2%, superando até mesmo a energia proveniente de gás natural, perdendo apenas para a hídrica e a eólica. Um outro dado é que 78,7% dos sistemas instalados se concentram nas residências[1].

Quanto a esse último ponto, tendo em vista que a produção da energia é apenas durante o dia e os consumidores residenciais a utilizam também a noite, na maior parte dos casos, essas pequenas estações produtoras de energia solar estão conectadas o SIN (Sistema Interligado Nacional).

Significa dizer que produzem e consomem energia ao mesmo tempo, sendo que, quando a produção supera o consumo, o excedente pode ser injetado no sistema nacional e recompensado financeiramente com créditos pelas distribuidoras ou, na hipótese contrária, o consumidor complementa o seu consumo com a energia oriunda das distribuidoras. Aí está o atrativo na instalação de sistema fotovoltaico e o que justifica o seu crescimento exponencial: a economia no final do mês na conta de luz.

Porém, nem tudo são flores. O custo desse tipo de instalação no Brasil, especialmente os painéis fotovoltaicos, ainda é caro e isso dificulta muito o acesso por toda a população.

Dessa forma, o mercado de energia solar, apesar das características favoráveis de nosso território, é relativamente novo, já que dependeu para o seu avanço da queda desses preços ao longo dos anos (o custo médio caiu pouco mais de 80% entre 2013 e 2019, por conta dos avanços e barateamento dos painéis fotovoltaicos) e da sua regulação pela Aneel – Agência Nacional de Energia Elétrica (a partir de 2012) e pela Lei 14.300/2022[2] (Marco Legal da Energia Solar) em torno desse tipo de energia (incentivo a adesão pela compensação dos créditos)[3].

Exposto esse cenário, vários bancos, como é o caso do Bradesco, Caixa, Santander, BV e Itaú Unibanco, lançaram linhas exclusivas para financiamento de painéis solares, enquanto isso, por parte das seguradoras, abriu-se uma oportunidade não só a título de seguro prestamista garantidor desses financiamentos, mas principalmente a título de seguro patrimonial contra eventuais estragos nesses painéis fotovoltaicos, riscos de engenharia e roubo. Aliás, quanto a esse último, diante do alto valor agregado desses painéis e a sua distribuição, principalmente, por meio de transporte rodoviário, levando a uma atratividade para o roubo no seu trânsito, impactam também no seguro de transporte[4].

Especificamente, quanto ao seguro de painel fotovoltaico, este pode ser contratado pela empresa que vende o serviço (seguro de responsabilidade civil por instalação e montagem, podendo ser incluído, a depender da seguradora, adicional por erro de projeto e despesas extraordinárias), como é o caso do Liberty Engenharia Energia Solar[5] e Zurich4Power[6], ou pelo proprietário do imóvel que recebeu a instalação (seguro para risco diverso – equipamentos, garantindo danos de causa externa, incluindo incêndio, raio, explosão, roubo ou furto qualificado, vendaval e granizo)[7].

Em linhas gerais, com o crescimento e o potencial da energia solar, assim como os altos custos ligados à sua instalação, em que pese a baixa manutenção e o fornecimento da luz solar de forma gratuita, o seguro de painel fotovoltaico é um mercado de oportunidades e novos riscos para as seguradoras.

Nós, da Carvalho Nishida, sabemos da importância da sustentabilidade, da crescente preocupação ambiental e da necessidade de medidas urgentes para o combate ao aquecimento global, tanto por iniciativas públicas como privadas, nisso se incluindo a utilização de energia limpa e renovável, como é o caso da energia solar, gerando novos riscos seguráveis e implicando na necessidade de adequação de outros, os quais precisam estar alinhados à jurisprudência, ao ordenamento jurídico e à compreensão de seus consumidores.

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[1] https://www.absolar.org.br/mercado/infografico/

[2] https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2022/lei/L14300.htm

[3] https://www.absolar.org.br/noticia/o-crescimento-da-energia-solar-no-brasil-e-o-seu-futuro/

[4] https://www.sonhoseguro.com.br/2022/10/demanda-por-seguro-para-paineis-fotovoltaicos-esta-em-alta/

[5] https://www.libertyseguros.com.br/Pages/seguros/Empresas/Equipamentos%20Geral/Equipamentos%20Energia%20Solar.aspx

[6] https://www.zurich.com.br/pt-br/a-zurich/imprensa-e-noticias/press-releases/2021/zurich4power-novo-seguro-zurich

[7] https://www.essor.com.br/seguros/seguro-painel-solar-fotovoltaico/#:~:text=O%20Seguro%20ESSOR%20para%20pain%C3%A9is%20solares%20fotovoltaicos%20protege,mercado%20que%20est%C3%A1%20entre%20os%20que%20mais%20crescem.