Acredita-se que as enchentes no sul do Brasil deram início a maior operação já vista no setor nacional do seguro.
Os efeitos devastadores e a grandiosidade deles, de caráter multifacetado, muito provavelmente, até aqui, será tido como maior sinistro da história do Brasil.
A CNSeg – Confederação Nacional das Seguradoras estima que os estragos já atingiram 90% dos Estados compreendidos pelo Estado do Rio Grande do Sul¹.
Ainda assim, pela projeção da Superintendência de Seguros Privados (SUSEP), considerada a limitada penetração dos seguros no mercado da região Sul (apenas 25% da frota de automóveis no Brasil possui seguro e só 30% das residências na região Sul contam com alguma proteção)², ao que parece, o impacto será menor do que poderia ter sido.
No entanto, a tragédia sem precedentes naquela região do país, nos incita à várias reflexões que impactarão, em médio e longo prazo no setor de seguros, diante da frutificação de problemas desdobrados que sequer possamos ainda imaginar.
Para além dos mais óbvios como o aumento direto dos sinistros, uma vez que as enchentes geralmente resultam em danos materiais significativos a propriedades, veículos e infraestrutura, setor agrícola e pecuária – altamente desenvolvido no sul do país, são eles:
- Pressão sobre as reservas das seguradoras: O aumento dos sinistros relacionados às enchentes pode exercer pressão sobre as reservas financeiras das seguradoras, especialmente havendo, como já há, um grande número de reclamações de indenização em um curto espaço de tempo;
- Revisão das políticas de seguro: As seguradoras podem revisar suas políticas de seguro em áreas propensas a enchentes, o que pode resultar em ajustes nas taxas de prêmios ou na cobertura oferecida aos segurados.
- Reavaliação de riscos: As seguradoras bem possivelmente revisarão suas avaliações de riscos nas áreas afetadas por enchentes, levando em consideração a frequência e a gravidade desses eventos ao precificar apólices de seguro e determinar os limites de cobertura.
- Necessidade de ajustadores de regulação de sinistros: para avaliar os danos e processar as reclamações dos segurados de forma rápida e eficiente;
- Desenvolvimento de produtos de seguro específicos: As seguradoras, a partir desse evento, poderão desenvolver produtos de seguro específicos para cobrir danos causados por enchentes, oferecendo mais opções de coberturas adicionais aos segurados que desejam se proteger contra esse tipo de evento;
- Impacto nas taxas de seguro: O aumento da frequência e gravidade das enchentes pode levar a um aumento das taxas de seguro em áreas propensas a esses eventos, refletindo o aumento do risco para as seguradoras.
Em resumo, as enchentes no sul do Brasil têm impactos significativos no setor securitário, afetando tanto as operações das seguradoras quanto as decisões dos consumidores em relação à proteção contra esses eventos naturais.
Aqui na Carvalho e Nishida, buscamos pensar o segmento de seguros sempre com vistas aos acontecimentos atuais e entrelaçados à sociedade, bem como aos seus impactos diretos e indiretos que atingem o setor e a sociedade, buscando enxergar soluções preventivas à minoração dos problemas decorrentes de tragédias inesperadas como essa que assola hoje o Sul do País.
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² “Apesar do desafio em quantificar as perdas exatas, a penetração limitada dos seguros no mercado e a baixa concentração destes produtos na região sugerem que o impacto nos resultados financeiros das seguradoras nos próximos trimestres deve ser mínimo ou pouco significativo. Em 2023, do total de prêmios emitidos pelos segmentos de seguros supervisionados pela Superintendência de Seguros Privados (Susep), que atingiram R$ 388 bilhões, apenas R$ 29 bilhões diziam respeito ao Estado do Rio Grande do Sul – ou seja, menos de 10%. Além disso, dos prêmios emitidos na região, a exposição para cobertura de danos era ainda menor (cerca de R$ 10,6 bilhões)” – https://www.infomoney.com.br/mercados/tragedia-rio-grande-do-sul-como-as-seguradoras-da-b3-estao-lidando-com-o-maior-sinistro-historia-setor/