Ainda hoje os seguros paramétricos são mencionados e utilizados como coadjuvantes, senão complementares dos seguros tradicionais.
Mas como o mercado segurador entende uma e outra modalidade e como a crescente inovação do mercado de seguros vem influenciando o crescimento também dos seguros paramétricos por meio das novas tecnologias?
O termo paramétrico¹, referente a parâmetro, marcador, limite, define esta especificidade contratual pela utilização de um índice ou ocorrência de circunstância pré-definida para determinar a caracterização de um sinistro, nisto se diferenciando de um seguro dito tradicional, em que, dentre outros pontos distintivos, demanda a regulação de sinistro para avaliação e investigação do contexto e condições em que se deu o evento (sinistro) e sua adequação (ou não) à cobertura contratada.
Sem dúvida alguma, no seguro paramétrico, o que há, de forma objetiva, é a subtração do processo de regulação de sinistro – não raras vezes alongado e complexo, demandando idas e vindas de documentações e coleta de informações multidisciplinar, a depender do ramo do seguro em análise, dando lugar a verificação da ocorrência ou não do parâmetro antes definido.
São exemplos clássicos na ilustração desta modalidade de seguro os eventos climáticos extremos ou catastróficos, como grandes estiagens ou chuvas intensas e volumosas que extrapolam os limites previstos e possivelmente calculados para aquele período do ano e interferem, por isso, diretamente, por exemplo, nas produções agrícolas, afetando drasticamente grandes produções de culturas variadas que comprometem não só aquele produtor em específico, mas também a sociedade como um todo.
Daí se vê, uma vez mais a grande importância também desta modalidade de seguro como elemento de paz e organização social.
O debate hoje, no entanto, orbita calorosamente sobre o quanto, ainda, a falta de dados causa um movimento de frenagem nas possibilidades de desenvolvimento deste formato de contratação.
Mas a parte boa da história vem, uma vez mais, com foco e olhares atentos voltados para as novas tecnologias e como essas novas tecnologias podem vir a trazer amplitude e aumentar, ainda mais, o crescimento do mercado de seguros, que já vem colhendo os frutos da franca expansão tecnológica junto às insurtechs.
É o que dizem os especialistas ao debaterem o tema, dentre eles Daniel Reis Pereira, subscritor de riscos na Swiss RE, corporate solutions: “do lado da Seguradora ainda faltam dados”² e complementa “a cada ano as agências espaciais estão publicando dados novos, ainda mais granulares, com mais resolução temporal e espacial, e isso é que está impulsionando e permitindo soluções mais adequadas”.
Em linha com esse movimento, Daniel cita as inovações em termos de tecnologia, citando os IOT – internet of things, exemplificando, no âmbito da agricultura, os anemômetros³ colocados nas pontas dos aerogeradores eólicos, ou mesmo o mapeamento de pragas por meio de drones. São vários os exemplos que elucidam o quanto a tecnologia e a inovação por ela trazida, com a geração de inúmeros segmentos de dados e informações para criação e medição de parâmetros, poderão ajudar o desenvolvimento de produtos do segmento de seguros e, com isso, a ampliação das proteções nos mais variados ramos.
Inegavelmente o momento é de potencial desenvolvimento para o setor de seguros, nos cabendo fazer coro, impulsionar, divulgar e ampliar o debate, gerando melhoria e incremento não só nas ideias que alavancam os produtos, mas sobremaneira como esses produtos gerarão efeitos na sociedade e, certamente, no universo jurídico, no que concerne a adaptação destas inovações às normas já postas e as que virão, em harmonia e garantia de eficiência e eficácia, também no âmbito legal.
Nós, da Carvalho Nishida, acompanhamos de perto os movimentos das inovações tecnológicas em pauta prioritária no mercado segurador e não perdemos de vista a necessidade de analisá-los no contexto sócio-jurídico, de modo a antever soluções e adequações necessárias à fluência destas inovações como mola propulsora, absolutamente positiva, ao segmento do seguro privado.
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¹ https://aulete.com.br/param%C3%A9trico;
² https://www.youtube.com/watch?v=iwiO2hIB8ks
³ Instrumento utilizado para medir a velocidade do vento; in https://instrutemp.com.br/anemometros-artigo/instrumento-de-medicao/, consulta feita em 17.03.2022;