Com o uso de tecnologias de forma cada vez mais disruptivas no seguro[1], uma das modalidades que vem ganhando adeptos atualmente é o seguro pay per use (também conhecido como seguro baseado no uso), só que não é algo totalmente novo, mas fruto do desenvolvimento e da popularização dessas tecnologias disruptivas.

No caso de seguro auto, o pay per use chegou ao mercado como uma alternativa às modalidades tradicionais de seguro que promete oferecer preços menores e cobrar apenas pelo uso do veículo segurado. Como o próprio nome indica, o seguro baseado no uso tem como principal diferencial o fato de que não é necessário pagar quando o carro está parado na garagem e não haveria necessidade de proteção.

O funcionamento varia de uma seguradora ou insurtech para outra (Thinkseg, Youse[2] e Simple2U, esta última apenas para acidentes pessoais, residencial e celular[3]), mas o funcionamento é bastante parecido entre elas: ao contratar e escolher o produto se paga uma assinatura mensal, normalmente de forma online, algo parecido com os serviços de streaming, cujo valor depende do modelo do carro e local da residência, sem questionar muito sobre o perfil do motorista e muitas vezes com a vistoria do veículo também feita de forma online, devendo ser feito o download e a instalação do aplicativo correspondente. Feito isso, quando for utilizar o carro, basta acessar o aplicativo e “ligar” o seguro, momento no qual a tarifação e as coberturas terão início. Após o uso, basta “desligar” e o serviço ficará interrompido até o próximo uso.

Visando facilitar a vida de seus usuários, alguns programas detectam o movimento do carro e enviam notificações questionando a ativação e desativação do seguro, já que essa providência é de extrema importância para que as coberturas estejam ativas nos momentos desejados. Além disso, o aplicativo pode também registrar a forma de conduzir do motorista do veículo, através de dados obtidos, por exemplo, por telemetria e analisados por inteligência artificial (registro de velocidade, aceleração, uso dos freios, comportamento em curvas, utilização do celular…), método esse que valida a personalização do perfil daquele usuário, podendo ser taxada de forma diferente uma condução mais prudente ou arriscada, fazendo o seguro ficar mais barato ou mais caro a depender do risco observado e de uma direção mais segura ou não.

Por prever o pagamento de uma mensalidade fixa, variando o valor final a depender da quilometragem utilizada no período, teoricamente, todos os meses a apólice é renovada, podendo ser cancelada a qualquer momento, enquanto no seguro tradicional estamos acostumados com uma vigência anual.

As coberturas são basicamente as mesmas do seguro tradicional, sendo que algumas fazem parte do pacote contratado ou são adicionadas como extras, havendo também a previsão de uma franquia a depender do risco e algumas restrições a depender do veículo a ser segurado (valor e modelo).

Nessa questão de coberturas, a Thinkseg menciona que a proteção do seu seguro pay per use é completa, ficando o carro protegido contra roubo, furto, acidente, incêndio, quebra de vidros e mais, inclusive com previsão de algumas assistências de guincho, chaveiro e troca de pneus[4]. Além disso, a contratação também poderia ser feita por WhatsApp[5].

Dessa forma, a principal diferença do seguro auto tradicional com o seguro auto pay per use é a forma de pagamento aliada a forma como as coberturas são ativadas. Enquanto no seguro tradicional o valor do seguro é fixo durante toda a vigência do contrato, sendo que todas as coberturas contratadas permanecem ativas até o fim do contrato, no seguro baseado no uso o valor mensal varia de acordo com a utilização do veículo e ativação das coberturas (quilometragem rodada). Por isso, essa última modalidade só é indicada para quem não usa o veículo com muita frequência, já que o uso rotineiro e frequente aumentaria a quilometragem rodada e, consequentemente, o valor final do seguro.

Diante das peculiaridades apontadas, o seguro baseado no uso vem tendo um aumento na sua adesão, em decorrência da busca das pessoas em economizar, especialmente quando utilizam pouco o veículo e este não é exposto com frequência ao risco e passa muito tempo na garagem.

Nesse ponto, segundo dados fornecidos pela Susep, no primeiro semestre de 2022, a média de sinistralidade do seguro tradicional ficou em 73,12% e o modelo pague pelo uso em 57%[6], provavelmente, ocasionada pela baixa exposição do veículo ao risco, gerando, consequentemente, um menor número de acidentes e furtos.

Nós, da Carvalho Nishida, observando o aumento da utilização de tecnologias e inteligência artificial na vida cotidiana, as quais propiciaram o desenvolvimento do seguro pay per use, sabemos que este é uma opção que se mostra muito interessante para quem quer investir pouco e ter um seguro auto, mas antes de contratar esse tipo de seguro é recomendado comparar as coberturas com outras opções do mercado para avaliar se essa é a opção que mais se adequa ao perfil daquele usuário e os cuidados necessários à ativação/desativação das coberturas para que não haja surpresa por falta de cobertura na ocorrência de um sinistro.

[1] https://www.gov.br/economia/pt-br/orgaos/orgaos-colegiados/conselho-de-recursos-do-sistema-nacional-de-seguros-privados-de-previdencia-aberta-e-de-capitalizacao/acesso-a-informacao/noticias/2023/o-seguro-pay-per-use-cresce-e-demonstra-tendencia-ao-uso-de-tecnologias-ainda-mais-disruptivas

[2] https://www.youse.com.br/seguro-auto/

[3] https://www.simple2u.com.br/

[4] https://thinkseg.com/

[5] https://www.sonhoseguro.com.br/2020/11/contratacao-do-seguro-auto-pay-per-use-agora-pelo-canal-whatsapp/

[6] https://valor.globo.com/financas/noticia/2022/10/07/seguro-auto-pay-per-use-tem-sinistralidade-menor-que-modelo-tradicional.ghtml